segunda-feira, 3 de maio de 2010

Caso bolsa ProUni - Paraná

É um ABSURDO o caso das bolsas do ProUni cedidas à estudantes de classe média no Paraná, denunciado pelo Fantástico no último domingo. Até porque escândalo foi a palavra que a própria repórter usou para descrever mais esse episódio vergonhoso da nossa vasta lista de desonestidade com o dinheiro do povo.

Desde q/ criei este blogg, fiquei pensando qual seria o primeiro assunto a postar. Muitas vezes quis postar escândalos políticos, crimes, diversos casos de negligência, abuso ou mesmo denúncias. Enfim, um leque de temas propícios a uma boa discussão. Mas, que em geral, nem isso está provocando mais. São assuntos que se tornaram rotineiros e até chatos. Parecem nos paralisar tamanha a freqüência com quê ocorrem.
Muitos especialistas se repetem ao afirmar que isso acontece porque são fatos tão repetitivos, massiva e exaustivamente exibidos pela mídia que as pessoas não se espantam mais. Tornaram-se situações normais...corriqueiras...não causam mais impacto. Gente, por favor!!! Como assim não causam mais impacto??? Como diria a Ana Maria Braga: “Acorda,. Menino (a).”

Dia desses estava assistindo num programa de TV, o C.Q.C., um quadro político onde o apresentador abordava um cidadão qualquer nas ruas de São Paulo e fazia perguntas sobre a política no Brasil. Sutilmente o cidadão era induzido a falar de Paulo Maluf (político do dia). Quando o cidadão falava tudo o que pensava (ou não) o apresentador perguntava: “Você teria coragem de dizer isso frente a frente com ele?”. “Sim.” Era a resposta. Então, o Paulo Maluf (que estava dentro de uma van por perto, assistindo tudo) aparecia. Surgia com aquele largo e cínico sorrio aberto querendo abraçar o entrevistado que, rapidamente, tentava fugir dali. Como que se esquivando. Se eximindo de qualquer responsabilidade como cidadão de cobrar explicações do Maluf sobre todas as denúncias já feitas contra ele. Todas as tramóias e desvio de dinheiro público. Ora! Veja o tamanho da incoerência e da passividade diante desse acontecimento. O Paulo Maluf se divertiu com tudo aquilo e ainda saiu contando vantagens e fazendo chacota de nós (eleitores) numa “tirada” onde ele disse: “Quem elegeu? O poder tá na mão de quem elege.” Fala sério!!! O “cara” ainda “tirou onda”. Apesar de tudo, quero dizer que achei a idéia do programa excelente. O povo deveria aproveitar essa “porta”. Parabéns ao pessoal do CQC pela idéia divertida e inusitada de falar de política.

Enfim, a nossa história prova que estamos habituados a não nos indispor com os assuntos que consideramos alheios. Tanto é assim que, o diretor de ensino da Uningá e pai de uma das moças, ao ser questionado sobre as bolsas, além de afirmar que não vê problema algum ainda diz: “Mas qual é o prejuízo das bolsas? Tem outra pessoa prejudicada por elas terem as bolsas? O fato é esse.” ...
Ah, não tem nada não, né pessoal? Que é isso? Por favor, não se sinta ofendido ou pressionado pela repórter entrona. Isso é só dinheiro público mesmo.
Acho que a repórter ficou tão surpresa com a resposta dele que até demorou de responder de volta: “Repórter: É dinheiro público.”

Caríssimo Senhor Ricardo Benedito de Oliveira, diretor geral da faculdade, quero lhe dizer que não tenho palavras para descrever minha súbita admiração pelo seu poder de desprendimento com a decência e a retidão de caráter que o seu cargo exige. E também, com o seu absoluto descaso com dinheiro público. Afinal, como o próprio nome diz, ele é público mesmo, não é? Na perspectiva de muitos: quem pegar...pegou! Melhor que seja sua filha, não é mesmo?

Depois dessa eu vou ler um bom livro para distrair a cabeça.
Até breve. E pensem nisso tudo. Vamos começar a assumir as nossas responsabilidades com o nosso país. As eleições estão chegando...


Eliana Sfalsin
Cidadã (indignada) brasileira