segunda-feira, 17 de maio de 2010

Teste psicológico: deve ou não ser utilizado nos concursos públicos?

Quem pode garantir a validade de um psicoteste, ou psicotécnico, ou teste psicológico, seja lá qual for o nome utilizado em cada região? São tantas características a serem avaliadas e pesadas para saber se uma pessoa está apta ou não para determinada função: a vocação, os valores, a capacidade, o histórico familiar, a sindicância social, os conhecimentos técnicos, os conhecimentos empíricos, a motivação, o equilíbrio emocional...E por outro lado, também há a dúvida sobre a capacidade e os meios utilizados para avaliação realizada pelo psicólogo.

Sempre que via ou sabia de algum fato absurdo (principalmente aqui no Brasil – onde isso não é difícil de ocorrer), pensava: “E eu pensava que já tinha visto de tudo.”...Infelizmente esses episódios, além de freqüentes, estão se superando entre si...cada vez mais absurdos. Ser roubada dentro de uma delegacia....??? Uma mulher foi roubada dentro de uma delegacia quando foi dar queixa  de roubo de um celular e  p/ sua surpresa foi assaltada lá dentro. Os policiais ainda tentaram dar explicações...esdrúxulas. (ver video: http://www.youtube.com/watch?v=MwUQ4A-57Fw) A verdade é que o fato por si só é auto-explicativo: NEGLIGÊNCIA pura e simples. Inclui-se no “pacote”a incapacidade e o despreparo desses policiais bem como no caso do motoqueiro assassinado na porta de sua casa. Mais um triste exemplo. A mãe do motoqueiro assassinado por espancamento na frente da sua casa disse;”...prá quem eu ia ligar se as pessoas que deveriam estar socorrendo, defendendo meu filho eram os que estavam matando?” Com um comportamento perplexo semelhante ao da senhora assaltada no interior de São Paulo dentro da delegacia. Até entendo que o inquérito seja necessário por uma questão burocrática que ao meu ver, deve mesmo existir. Mas...

Se tivermos de analisar o comportamento dos policiais dentro de um contexto maior, o que se pode esperar de uma classe que nem mesmo passa por um processo seletivo compatível com a importância de seu cargo? Um teste psicológico, ao contrário de como funciona hoje em dia, DEVERIA SIM, ser considerado um pré-requisito básico por Lei. Deveriam ser padronizados e de caráter eliminatório. E em complemento, deveriam ser estabelecidas regras para quando acontece de não se passar no teste psicológico, quando o reprovado ainda tem a chance de recorrer à justiça. A chamada Devolutiva. Que em geral dão a causa a favor do reclamante. E nesses casos, o psicoteste nem sequer é levado em consideração. Porque muitos juízes consideram o psicotécnico um exame subjetivo, incapaz de avaliar se o candidato é verdadeiramente inapto para assumir as funções do cargo pretendido. Além disso, existe a Súmula nº 686 que também é utilizada como embasamento das decisões judiciais. Em um dos casos amplamente divulgado na Bahia, onde a justiça permitiu que um candidato reprovado no concurso público para PM no pisicoteste fosse incorporado ao corpo de policiais, o policial (que não deveria ter se tornado policial) matou a esposa em plena lua de mel. E esse é só um de vários exemplos.

Súmula nº 686 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

O tema é realmente complexo. A questão do psicoteste levanta muitas questões, como inclusive a de quem é realmente capaz para avaliar a aptidão ou inaptidão de uma pessoa para um ou outro tipo de trabalho e como conduzir esse levantamento. Sendo a profissão de polícia uma profissão com tanta importância para sociedade, esse processo deveria ser encarado com maior seriedade e ganhar caráter eliminatório, sim. Não é porque a pessoa é inteligente passando nas demais provas que ela tem pleno controle sobre suas faculdades mentais. Vários assassinos e criminosos na história também eram muito inteligentes.

De certo o teste psicológico é uma ferramenta de avaliação muito subjetiva que não garante 100% de acerto, impedindo que candidatos não qualificados não consigam passar nos testes ou o contrário. Por isso, o objetivo principal desse tipo de teste deve ser evitar que o maior número possível de candidatos inaptos sejam aprovados. Talvez passando por profissionais diferentes que confrontassem suas informações depois, ou por uma banca de examinadores especializados. O importante é que essa necessidade seja reconhecida e assumida pelo poder público. Esse mesmo princípio deveria ser aplicado também à outras profissões. Profissões que por sua natureza exercem influência de forma mais abrangente e imediata sobre a sociedade em geral. Essas deveriam ter, inclusive proporcionalmente, maior rigor em sua seleção: policiais, médicos, padres, pastores, políticos...Assim, talvez fosse possível evitar situações como a que aconteceu no Mato Grosso, onde os médicos brigaram durante um parto para decidir quem faria a cirurgia enquanto o bebê morria. Talvez também fosse possível evitar o crescente número de casos de pedofilia na igreja católica, ou pastores estelionatários, e talvez também fosse possível evitar a candidatura de políticos que afirmam em alto e bom som que não estão nem aí para opinião pública permitindo tantos absurdos com o dinheiro público e a máquina administrativa ou políticos com a ficha “suja”. Aliás, existe um projeto de Lei intitulado de Ficha Limpa à ser aprovado. Mas, isso já é assunto para um próximo artigo...


Eliana Sfalsin
Administradora de Empresas


http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=224697&id_secao=31
http://forum.jus.uol.com.br/8449/
http://www.universopolicial.com/2009/01/psicotecnico-recurso-desmedidas.html
http://pracinha.stive.com.br/tag/psicoteste/
http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?id_noticia=224697&id_secao=31
http://jus.uol.com.br/busca/
http://www.algosobre.com.br/psicologia/o-que-e-psicotecnico.html