domingo, 8 de dezembro de 2013

Existencialismo...

Quando a gente pensa em algo como "não dá pra ser feliz sozinho", começa a se questionar se esse pensamento não é "autodestrutivo". Se questiona sobre a possibilidade de estar se desvalorizando e valorizando demais a necessidade de ter uma outra pessoa pra te fazer feliz. Por outro lado, a dúvida pode ser ainda maior: será que essa não é uma necessidade exibicionista? Esse tipo de necessidade que tanto temos de exibir uma vida perfeita pra o mundo.

Como mulher, penso que tenho know-how suficiente pra dizer que nossos conflitos são ainda maiores, visto que, comprovadamente e amplamente anunciado, precisamos ser competentes o suficiente pra manter uma carreira de sucesso e ainda assumir uma vida familiar complexa onde, mesmo com a crescente participação masculina nesse contexto, ainda somos responsáveis pela educação dos filhos, administração da casa em termos financeiros e organizacionais, orientação espiritual e estabilidade emocional dos membros da família. Além disso, pra poder ser considerada uma mulher admirada, esta  ainda precisa conseguir cuidar da forma física, intelectual e social. E muitas de nós conseguimos tudo isso. Mas a que custo? Onde ficam nossa autoestima quando fracassamos em algum desses itens? Onde fica o ego de uma mulher quando esta, apesar de todos os atributos já mencionados, é traída por ser parceiro ou nem mesmo consegue manter um relacionamento duradouro com um? De que adianta tanto malabarismo se este até pode ser reconhecido, mas nem sempre recompensado?

Somos movidos pelas recompensas. Se não a temos, onde buscar motivação pra nos manter na caminhada? Sim, existem a motivação interna e as necessidades pessoais. Mas também precisamos das motivações externas. Essas fazem parte do processo de forma indiscutivelmente relevante. Portanto, que venham, e que sejam cada vez mais explícitas as tais motivações externas...

"...Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"

Eça de Queiroz

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